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Pacientes não recebem medicamento há três meses 4l5a1h

Depois que descobriu um tumor na hipófise, há 27 anos, Rafael (nome fictício) nunca mais parou de tomar medicamentos para evitar que o abcesso cresça. Com esta finalidade, há cerca de 10 anos ele toma Cabergolina, um remédio de alto custo que é fornecido pelo Estado e distribuído pelo Município. Porém, desde novembro do ano ado o remédio não está sendo entregue.
Mensalmente, Rafael vai até a Farmácia Básica Municipal, da Secretaria de Saúde de Lages, para retirar seu frasco do remédio, que contém 40 comprimidos. Além disso, a cada três meses ele precisa renovar o processo junto ao Estado para continuar recebendo o medicamento. “A justificativa que me deram foi que o município não estava recebendo o remédio por causa da mudança de governo”, conta.
Por recomendação médica, Rafael precisa tomar 10 comprimidos por semana, contudo, quando soube que não receberia o remédio, reduziu a quantidade para 2 comprimidos por semana. “Eu não estou tomando a dosagem correta, pois diminuiu para prolongar o uso e não ficar sem. A Cabergolina, no meu caso, serve para evitar que o tumor cresça”, explica.
O tumor de Rafael é na hipófise (uma pequena glândula localizada na base do cérebro) em cima do nervo óptico, e é benigno, mas cresce e produz prolactina (hormônio cuja principal função é estimular a produção de leite). Sem o medicamento, o tumor pode comprimir o nervo óptico, o que provocaria a perda da visão.
Nas farmácias a Cabergolina chega a custar R$ 1.000, um valor muito alto para Rafael, que é autônomo. “Muitos anos atrás eu comprava um medicamento semelhante, que só era vendido por um laboratório e era mais caro. Para conseguir pagar, precisei fazer rifa, pegar dinheiro emprestado e até vender meu carro”, lembra.
Estado diz que entrega será normalizada 1a5766
A secretária de Saúde de Lages, Odila Waldrich, explica que este medicamento é fornecido pelo Estado e que cabe ao município apenas o ree para os pacientes. Ao todo, 15 pessoas recebem a Cabergolina pela secretaria e Odila confirma que o ree não está sendo feito desde novembro.
Segundo ela, o Estado informou que a entrega será normalizada a partir do fim de janeiro. A secretária explica que este remédio é entregue em frascos nominais, com a quantidade de comprimidos exata que cada um utiliza.
Por e-mail, a Gerência Regional de Saúde informou que a Cabergolina é fornecida pelo Ministério da Saúde, por meio do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica, e encaminhado aos estados para posterior distribuição aos municípios, de acordo com o número de pacientes cadastrados, com processos ativos e com prescrição médica atualizada.
Segundo o órgão, em Lages, o fluxo de encaminhamento dos medicamentos contemplados no referido programa é diferenciado, ocorrendo diretamente entre a Diretoria de Assistência Farmacêutica (DIAF) da Secretaria de Estado da Saúde e o município, não havendo, portanto, ree através da Gerência Regional de Saúde.
“Quanto ao atraso no fornecimento do medicamento em questão, realizamos, hoje [segunda-feira], contato telefônico com técnicos da DIAF, os quais nos informaram que o abastecimento deverá ser normalizado em fevereiro, tendo em vista que o mesmo já foi adquirido pelo Ministério da Saúde e será distribuído aos estados nos próximos dias”, afirma a enfermeira da Regional de Saúde, Rosana Cunha.
